Quando era pequena, me ensinaram a sentar feito mocinha, não falar palavrão, comer direitinho, ser virgem até casar, ter modos(seja lá o que for isso), eu não deveria beber, coisa tão feia para o gênero feminino.
Deveria ir à missa e pedir perdão pelos pecados, que eu inventava para não desapontar o padre, coitado, ele estava lá para ouvi-los e eu tinha que me confessar, afinal eu era filha de Eva, aquela da maçã, e olhe que naquela época eu só era uma criança, nem menino, nem menina. Era só infância sem sexo.
Então em um dia, de repente acordei e me senti infeliz, eu não queria ser mocinha, eu queria ser só mulher.
Me sentei tranquilamente sem modos e besteiras no sofá da sala, gritei palavrões, que desde então nunca mais saíram da minha boca, dei risadas tão altas e não contei nadinha para o padre, nunca mais eu disse pra ele dos meus pecados, porque me esqueci de cada um deles. Fugi do paraíso, fiz sexo com prazer, queimei o vestido perfeito, pintei os cabelos de vermelho. Levantei a cabeça pra quem me oprimia, passei a responder, me tatuei inteira.
Eu não queria modos, queria liberdade.
Sou uma dona de casa, porque minha casa é minha e gosto dela, sou professora de literatura porque preciso educar com poesia, sou mãe, por desejo de amamentar, cuidar, carregar e libertar. Amo um homem, não por ser fraca, mas por ser romântica e muito afetiva. Choro à toa não por ser mulher, mas por ser sensível a qualquer causa, a qualquer sofrimento, diferença ou maldade. Eu sou uma mulher feliz, pela consciência que obtive durante minha vida de 37 anos. Feminista, casada, mãe, professora, feminina, masculina...
ando gostando cada vez mais de te visitar.
ResponderExcluirLu, querida, que texto!
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