sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Quanto mais medo me querem meter, 
menos medo eu tenho, 
e me sinto livre, 
e vou em busca da minha alegria 
e minha verdade, 
Erraram os que me acharam burra ou fraca
ou manipulável, ou maluca, eu nunca fui maluca,
eu apenas disfarçava a força de liberdade que gritava em mim.
hoje sou livre, hoje não abaixo mais a cabeça,
não me escravizo, não me escravizam,
não me faço de vítima, só digo o que penso bem de verdade
ninguém vai gritar comigo,
já fui bem menininha,
mas a mulher que sou hoje não esta de brincadeira,
eu sou a Lu Spera, que muitos conhecem,
já ensinei sobre literatura pra muita gente,
já falei dos nossos direitos pra muitos alunos,
já pari dois filhos, já me casei duas vezes,
já fiz meninas entenderem seus direitos,
já fiz cagada, já errei,já pedi perdão,
já tomei muito rivotril, já chorei no chuveiro,
já perdi pai, já perdi amigos,
já amei bastante e ainda vou amar muito mais,
porque eu sei o que eu quero, eu sei o que me dói, eu sei me virar,
e eu to viva pra ser o que eu quiser,
e estou forte pra poder chorar,
meu choro, amigos, é coragem.
Dizer a verdade
Abrir as portas
Escancarar as janelas
Parece ilegal, pecado, imoral,
Nesse país amarelo de medo
Nesse país verde de fezes
Azul de abatimento
E branco de susto.
LUCIANA SPERA no dia 27/10/2016

Despedida


Quando vou embora, entendam meus amigos,
de uma situação ou lugar,
Existe um motivo,
que pode ser simples para muitos,
mas no meu coração ele é grave.
Pra quem me conhece, sabe,
vou fundo no que acredito,
luto todo dia pra ser de verdade.
Queria dizer, antes de críticas ou ataques,
sempre fiz o possível pra fazer o melhor
e às vezes as coisas,
tomam novas realidades,
Mas me despeço de muitos, não sou covarde,
apenas respeito minha alma e no que faço
está bem escrita uma história, que um dia meus filhos lerão,
e saberão que sempre lutei pela verdade.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

céu e terra



meu pai e minha mãe,
ele no céu,
ela na terra,
me sinto abraçada de azul,
me sinto forte de pé,
porque céu azul inspira a alma
e os pés na terra firmes,
reforçam a minha ousada limpa
e dura caminhada.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015














Carta a Adriana
Já faz seis meses da sua partida. Estamos levando a vida, com muita saudade engasgada garganta e coração. Não sabia, aliás sabia sim, a falta que me faria. Você era meu porto seguro, porque tantas vezes sozinha em Botucatu, me ancorei no seu abraço. 
Estamos todos trabalhando muito lá na escola, e nós que te amávamos tanto, nos olhamos com mais ternura agora, uma ternura que você nos ensinou, quando segurava nossas mãos de manhã de uma maneira tão sua. Quando sinto muita saudade corro pra Soraia, e compartilhamos sentimentos. Nem preciso trocar palavra com a Ari, e a Thais, parece que sempre que fala em você, vejo nela um olhar de criança. Não sei explicar, mas vi a Thais inocente e frágil, como não a via.
Seus filhos estão cada dia mais lindos. Sentem sua falta, um vazio inexplicável, e vão vivendo como aprenderam com você. A Sofia está mocinha, a sua pequena. Inteligente, forte, e quando sente sua falta, percebo seu olhar mais fundo e perdido, mas sinto orgulho ao perceber que muito do que ela é hoje, foi você que a ensinou. O Bento cresceu muito nestes últimos seis meses, ele não se lembra de você, mas é como se lembrasse, pelo tamanho carinho pela Bá, ou a paixão em correr para o colo do André. O Gui continua tatuando, e me amando, como você torcia pra ser, lembra?
Pois é minha amiga, os alunos também sentem sua falta, às vezes pego algum olhando esperançoso para a secretaria. Bem, minha amiga, só queria te mandar notícias da gente. Ainda há tristeza, mas sua alegria, a lembrança do seu sorriso, vai nos curar, tão cheia de luz sei que você está. Esses dias tem chovido e feito frio, mas hoje o sol voltou. Botucatu é uma cidade bonita no frio.
Um grande beijo.
Ah! E mande beijos para os anjos, que ai moram com você agora, já que voltou pra sua casa no céu.                                                                                               de sua amiga irmã eterna Luciana.

sábado, 10 de janeiro de 2015

a quem me pergunta o significado das minhas tatuagens

minha pele é limpa,
cheira sabonete, creme hidratante,
minha pele quente sua,
mas sua cheiro bom de natureza e óleos,            
minha pele não parece limpa,
tem gente que olha achando suja,
tem desenhos, rabiscos, flores,
minha pele é pele de fruta,
cheira a cereja,
cheira livro velho,  folhas secas amassadas,
minha pele grita feminismo:
mulher maravilha se mistura à santa,
santa mexicana, colorida, forte,  mulher,
minha pele tem meus filhos,
a pele dos meus filhos se fez em mim,
o cheiro dos meus filhos são meus cheiros,
minha pele é suja de sorvete,
minha pele tem galinha galo pintinho,
bichinhos bonitinhos que pouca gente vê,
mas minha pele tem galinha,
que lembra puta,
que lembra sexo,
estranho galinha lembrar puta,
a puta é uma mulher,
tem mulher na minha pele,
santa feminista mulher maravilha,
qualquer mulher ou que se sinta mulher tem na minha pele,
na pele das pernas tenho cobra e dragão,
acho que cresci com medo do mal, do sexo, do pecado, e escondi lá nas pernas o dragão e a cobra.
mas passou,
hoje sou cobra,
sou dragão,
mulher maravilha,
santa,
sou sorvete,
sou flores,
sou mãe,
sou a mulher de todo dia,
sou a mulher de pele cheirosa de flores, sabonete,
e quem me desenha, é leão,
e me come.



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quando me sinto profundamente triste, não preciso de silêncio e cama. 
Preciso do barulho, da bagunça e gargalhada dos meus filhos. 
Um jeito que Deus achou de me dizer: 
anda, Luciana, anda, minha filha.