quinta-feira, 30 de junho de 2011

sol



um vôo
um vôo calmo
um calmo abraço
um abraço saudoso
um saudoso olhar
um olhar grandioso
um grandioso sol
um sol no azul do céu calmo
onde vôo calmo
onde vou calmo
onde vou no vôo de teus braços largos
saudoso abraço
saudoso olhar
que de grande é um sol
no meu azul
azul do céu
azul do corpo meu
azul do corpo seu
feito em céu
feito em vôo
feito em asas que se fecham no abraço
de adeus
e eu vôo
sentido contrário ao vôo teu.

terça-feira, 28 de junho de 2011

tudo tudo tudo

eu quero
quero tudo
quero seu nome
nome completo
quero seu dia
não só um café
quero seu dia inteiro
quero água
não um gole em beijo
quero o litro todo
derramado num banho de corpo inteiro

domingo, 26 de junho de 2011

Simone de Beauvoir

"Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"
Simone de
Beauvoir

Essa frase que me inspira a manhã, me diz simplesmente:
Você não nasceu mulher, não precisa ser o que a sociedade construiu para você. Não precisa, minha querida, ser fêmea perfeita, a esposa carinhosa, a mãe símbolo de pureza e perfeição e muito menos, querida mulher, você não precisa tirar do forno o peru saboroso, enquanto a família espera à mesa de domingo, com todo sorriso... e você parece feliz. Não precisa.
Você se constrói mulher, a mulher que existe fora das propagandas e mitos. A mulher verdadeira com crises existencias, a mãe sem pureza, que erra, que trabalha, que fica cansada, que tem orgasmos, sim minha querida, você pode dizer "orgasmos" orgasmos múltiplos. Você se enxerga imperfeita, porque te ensinaram a esconder a infelicidade, mas você é infeliz, à partir do momento que esconde o que é, sente, pensa, querida mulher.
Então, você se torna mulher quando aceita o que sente, quando deixa que o peru queime, não por ódio à família, mas só porque você não queria fazer aquele peru, e era preciso ter vontade para que ele fosse bom, mas você tem o direito de não querer. Não sorria se não quiser, se não estiver livre. Seja a mulher que você construiu, livre. Seja o que você acredita, minha querida.
Foi isso o que Simone me disse hoje pela manhã, senti a M Beauvoir humana, que me chamava de querida, porque sabia que eu estava carente, mulher se sente carente, homem se sente carente. Isso é liberdade. Não era a Simone fria, como muitos a entendiam, porque infelizmente associam feminismo e verdade à frieza, era a Simone mulher que se comunica com todas as mulheres do mundo, e ela falou comigo, porque eu quis ouvi-la, e então me senti mais feliz.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Feminista sim!

Quando era pequena, me ensinaram a sentar feito mocinha, não falar palavrão, comer direitinho, ser virgem até casar, ter modos(seja lá o que for isso), eu não deveria beber, coisa tão feia para o gênero feminino.
Deveria ir à missa e pedir perdão pelos pecados, que eu inventava para não desapontar o padre, coitado, ele estava lá para ouvi-los e eu tinha que me confessar, afinal eu era filha de Eva, aquela da maçã, e olhe que naquela época eu só era uma criança, nem menino, nem menina. Era só infância sem sexo.
Então em um dia, de repente acordei e me senti infeliz, eu não queria ser mocinha, eu queria ser só mulher.
Me sentei tranquilamente sem modos e besteiras no sofá da sala, gritei palavrões, que desde então nunca mais saíram da minha boca, dei risadas tão altas e não contei nadinha para o padre, nunca mais eu disse pra ele dos meus pecados, porque me esqueci de cada um deles. Fugi do paraíso, fiz sexo com prazer, queimei o vestido perfeito, pintei os cabelos de vermelho. Levantei a cabeça pra quem me oprimia, passei a responder, me tatuei inteira.
Eu não queria modos, queria liberdade.
Sou uma dona de casa, porque minha casa é minha e gosto dela, sou professora de literatura porque preciso educar com poesia, sou mãe, por desejo de amamentar, cuidar, carregar e libertar. Amo um homem, não por ser fraca, mas por ser romântica e muito afetiva. Choro à toa não por ser mulher, mas por ser sensível a qualquer causa, a qualquer sofrimento, diferença ou maldade. Eu sou uma mulher feliz, pela consciência que obtive durante minha vida de 37 anos. Feminista, casada, mãe, professora, feminina, masculina...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

poema do meu amor total




nada existe como teus olhos
mas
se ficares cego
eu amo
o escuro que vês
a treva onde vives
nada é tão claro como tua certeza
mas
se ficares louco
eu vivo em teu castelo falso
e danço uma valsa nua enrolada de cortina
nada é tão forte como teu abraço
mas
se perderes a força
eu te dou a minha
te entrego meus nervos
nada é mais doce que o teu gosto
mas
se perderes o beijo
te dou todo meu mel
e todo meu gozo
nada é melhor que ser beijada inteira
mas
se não vieres
eu espero eu espero eu espero
nada é mais forte que esse amor
mas
se perderes a fé
eu corto meus pulsos
eu tomo veneno
eu pulo do alto
porque
sem ti
sou exagerada
cega
louca
ciumenta
fraca
mas
por mais difícil que seja
não me deixes
na solidão de um amor total!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

maluca

que maluca,
acha graça
depois chora
faz birra e
que eu fique me implora

faz planos de fugir
talvez para o acre ou barcelona
passa o dia escolhendo o melhor clima
e desiste de tanto que sonha
essa maluca

grita protestos em palavrões
se admira com bêbados, os inveja
e depois...
depois reza

mas não crê em pecado
nem inferno, nem diabo
mesmo assim se arrepende
se fez coisa maldita,
essa maluca

desce os degraus
dessa casa sem escadas,
essa maluca

passa perfume
pó na cara
e depois
all star
melhor menina

ah maluca boa
pena que muito você chora