sábado, 21 de maio de 2011

Ipê

Hoje saí mais uma vez para caminhar com minha cachorra, por uma hora inteira caminhamos para descansar do dia cheio de compromissos e de pessoas. Eu ouvia música e a Mina curtia o vento na cara.
Acho que nós duas estávamos longe de tudo que passava por nós, era um momento de não ser bem intenso. Fechada em meu agasalho, ia deixando para trás tudo, como se nunca mais fosse voltar, mas a Mina ia marcando o caminho, para que não esquecêssemos. Acho que ela sabia que eu sempre me perdia de propósito. Perder-me é bom, porque me dá uma imensa coragem, mas é perigoso, porque não encontrar o caminho de casa é inquietante. E eu não posso estar inquieta. O outono em Botucatu já é bem frio e seu vento é inesquecível, um vento diferente, de quem está no alto, eu sei disso, a Mina também o sabe. Nós duas já moramos em um lugar bem mais para baixo, mas me acostumei com o frio dessa cidade. Acho que não vivo sem ele. Acho que a Mina também não.
Em nosso caminho percebi os ipês floridos e olhá-los é tão rosa, que me senti feliz. Fui caminhando e olhando para eles até que escureceu, e o vento ficou mais forte e senti frio. Então comecei o caminho de volta para casa. Eu e minha cachorra, como todos os dias, cheias de vento, descansadas da vida e coloridas de ipês.