domingo, 26 de abril de 2009

Bom dia vó Maria


hoje amanheceu ensolarado
um friozinho outonal cheio de sol
e foi nesta manhã tão clara
que minha avó se levantou
disse bom dia à vida
e se foi
foi embora discretamente, discretamente viveu
foi embora sem dar trabalho, e sem dar trabalho viveu
foi embora forte e valente, tão forte e valente viveu
fechou os olhos verdes para este mundo

descansa vó Maria
não sei por que choro
morávamos tão longe
e agora tão perto estamos
que chego a sentir-te ao meu lado
enquanto escrevo, você sorri para mim
não sei por que choro
se já estás tão cheia de luz.

homenagem a Maria Conceição Lopes (Diamantina - MG)
* 26/10/1911 + 26/04/2009.

5 comentários:

  1. A gnt chora simplesmento porque é muito dificil dizer Adeus....ate nesses quesitos somos tao egoistas...
    que sua vó maria, descanse em paz, como tantas outras vós marias.

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  2. É tao dificil dizer Adeus...talvez por isso choramos...o desapego.
    O egoismo esta em tudo...infelizmente...
    Lu, que tua vó maria descanse em paz como tantas outras vós marias...

    bjo no coração

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  3. Apesar de tudo nunca estaremos preparados pra nenhuma perda,dói,dói muito...
    Sei que não muda nada dizer isso, mas as pessoas que amamos são imortais em nossas lembranças e sempre estarão nas marcas que deixaram em nós.
    Beijo pra vc Lu

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  4. É bom olhar a pele cansada, as veias fortes da mão... cordas azuis.
    É bom olhar os cabelos brancos, e a sabedoria de muitas folhas que já cairam.
    É dificil dizer adeus... até breve!

    Bjo no seu coração Lu

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  5. É difícil dizer Adeus, diz Mariana.
    Digo mais: É difícil dizer Adeus (ao avô)
    Pois as sensações de abraçá-lo, de apalpá-lo,
    De sentir seu cheiro de fumo de corda, de café fresco,
    Já fazem parte do cotidiano.

    A última carícia: cabeça posta em seu colo, e com suas mãos ásperas - de homem da roça, da natureza, que varre o seu quintal, colhe da sua horta, que afagam-me - estavam postas sobre os cabelos do menino.

    O último olhar
    De despedida
    Os azuis, da cor do céu limpo e sol forte.
    Externam forças para a caminhada do jovem
    Os verdes, da cor do mel.
    Gratidão... Mas não queria externar gratidão
    Queria externar um até daqui a pouco... "Vamos voltar ao sofá, você pode me acariciar se quiser... eu te acalanto, meu avô”.


    Às vezes quero acender um cigarrinho de palha...
    Às vezes me sento na varanda onde ele se sentava, e admiro o céu, o horizonte, e o breu que ele tanto admirava.

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