sábado, 31 de janeiro de 2009

chove muito por aqui faz dias


chove tanto
que meu cérebro embolora
fico lenta
e meus pensamentos
são um mau cheiro
feito roupa úmida
guardada em gaveta


mas eis que o sol rompe
e começo a secar os miolos
e me estico feito gato à janela
coloco pra fora os cobertores
me afasto da televisão e dos doces


olho para meu rosto
reflexo no pote de cotonetes
estou envelhecendo, meu Deus
mas o bolor
não mancha mais meus traços

5 comentários:

  1. é estranho como podemos comentar sobre algo que geralmente acontece diariamente e se quer reparamos nisso, e quando paramos apra pensar nos surpreendemos totalmente ou ficamos naquela: há, eu sabia disso.
    e quando você simplesmentenão tem vontade de fazer POHA NENHUMA fica meses sem escreevr, sem se expor, sem falar do que sente, sem simplesmente datilografar a quem vive contigo o que pensa sobre tal, sem ao menos fazer um sinal de fumaça pra se comunicar com aquele alguém, e do nada lhe surge aquela vontade de escrever de tudo de falar de tudo de fazer de tudo, você realmente começa a enxergar tudo, ou melhor reenxergar o que já enxergava mais não percebia. ai coisa estranha, ai vida estranha, ai coisa boa, ee vida boa.

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  2. você já percebeu que quando estamos sozinhas, nos distanciamos dos mundos?

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  3. Pós-Adeus

    Num pós-adeus, o âmbito da memória - dos bons momentos - se dilata
    O mundo pára, Os olhos fecham
    A lágrima rola, a dor estala,

    Prendemo-nos nesta dor por um instante.
    Dor grave, Deu o parecer de eu ser implodido.
    Ela - a dor - cava para enterrar toda e qualquer alegria existente no ambiente,
    Não pulsa, não estremece, mas relaxa o corpo, Os braços e pernas e o tronco perdem a noção de força.
    Eles se escorregam por tudo o que há atrito, Só petrifica quando o sólido se trava com o corpo.

    Mas retornando ao abstrato...
    Não me importo com quem passa, nem que me vejam isolado e trancado naquele automóvel de vidros lacrados.

    A maturidade retornou, A noção de que sofro e me desgasto me é mostrada novamente.
    Sempre em prantos, com a voz rouca e trêmula, apelo a Deus o meu desapego, insisto meu arrependimento sobre no dia anterior ter testado o Seu Infinito Amor.
    Peço explicações: Por que vivi tudo aquilo tão intensamente, por que me entreguei por completo, Se foi necessário passar por aquela situação. Eu fui escolhido para esta prova, mas por quê???

    Encarrego-me de me controlar, mas o pranto, indomável, atordoa-me tanto esforço. O ar já não passa pelas narinas, bloqueadas pela secreção lacrimal. A boca também é forrada desta, tanto que ao abri-la viscos ligados nos lábios formam traços similares aos das teias de aranhas. O rosto em sopa umedece a camiseta pois me falta lenço. Já não tenho mais minha voz, mas sim um timbre tal qual um trovão no seu último segundo, nítido mas afagado pela distância.


    Dou a partida. Achava-me estável. Engano meu... na primeira curva e buáá. Foi corajoso - sem querer me dar méritos - continuar a pilotar por um quilometro e seus quebrados e ainda cruzar uma avenida movimentada com os olhos encharcados de lágrimas. Classifico esta como as derradeiras lágrimas sobre este assunto. Orei em auxílio de nossas almas, em especial dela, Sempre quis o seu bem, não por que nos classificamos de diferente forma agora que deixarei de querer-lhe bem.

    Não fossem os amigos daquela noite, talvez se perpetuasse a agonia e a tristeza. Não fosse o sexto sentido materno, eu me sentiria desamparado pelos céus e terra.

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  4. seu blog é lindo! estou sempre por aqui, embora não comente. hehehehe
    um beijo, Lu!

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  5. "Embora verso,
    embora prosa,
    A poesia sabe-se leve,
    sabe-se solta."

    Que alma linda essa sua!
    =]

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