sábado, 4 de outubro de 2008

bailarina azul


Dia de chuva que não chove, fica escuro, dá sono, mas não chove. Minha filha brinca em casa, falta sol para correr lá fora. Ela precisava de um papel azul, para desenhar uma bailarina de saia transparente com giz branco, como viu na televisão. Eu ando pela casa meio fantasma, assustada de não ter que trabalhar, aprendemos, desde meninas eu e minhas irmãs, que devíamos sempre trabalhar, e isso se tornou um trauma, meus sábados acabam sendo dolorosos, vazios e de ansiedade.
Sofia, desenha no chão, lápis espalhados, canetas coloridas, já fez tatuagens em meus braços, minhas pernas, com olhar de tatuadora experiente. Qual será o seu futuro? desculpe, a ansiedade perturbadora, deixo ser criança a Sofia e o desenho apenas brincadeira. Bem, mas falta o papel azul e ela não esquece. Calada continua seu trabalho ensolarado, já que lá fora está cinza, vai amarelando dentro, com sol e nuvens rosas, o coração vermelho e as flechas... hoje me perguntou o que era arco. Não sei se gostou da resposta, mas continuou pensando em círculos, deixou para lá o arco-íris, o arquinho prateado, o Arco do Triunfo e foi desenhando círculos, acho que precisa fechar o arco, hoje, essa Sofia.
Deixaremos de lado o círculo e buscaremos um papel azul, mas eu me esqueci, tão desimportante para mim o projeto, mas para ela a idéia insistia toda anil. Então no final da tarde tirou uma folha do caderno e com um lápis decidido pintou-a inteirinha de azul, no centro uma bailarina nascia e girava, de saia transparente giz. Uma bailarina azul que me dizia em cada volta - você desiste fácil - e Sofia sem compreender o que isso me significava, continuava tranquila, desenhando sonhos para que eu me compreendesse.

6 comentários:

  1. Ífico, magnífico! Tão decidida a menina Sofia, sem se acanhar pegou o colorido azul e tingiu a folha branquinha!
    Elo, amarelo. Se Sofia quisesse um desenho de fundo amarelo, ela poderia (e se no dia houvesse) olhar para o SOL, e em seguida td o que veria seria da cor de ouro. Mas se o sol estivesse a raiar, com certeza o céu azul estaria ali, (e talvez Sofia estivesse pensando em algo que nao fosse pintar numa folha azulada). Mesmo assim, se ela continuasse com esse desejo...
    UL, azul! Ela olharia diretamente para o extenso céu. É, aquele mesmo que sustenta o firmamento de noite e de dia movimenta o Sol do nascente até o poente. Olhasse ela diretamente para o céu e com certeza, ao mais tardar, enxergaria td da cor do mar. E bastaria fixar na folha branca para se transformar no papel tão desejado.

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  2. Sabe quando a gente é criança e vê uma bailarina azul?, diria o Bandeira. Que belo é saber que não viu só a bailarina azul, mas o SOL dentro da Sofia e dentro de você mesma brilhando como um grito a todo este cinza tão fosco que encobre tantas tardes e dias.

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  3. Luuuuuuuuh!!!
    q liiiiiiiiiiiindoo!!! aaaaii ameei esse.. parece q estou vendo Sofia no chão pintando o papel de azul e vc!!! Aii.. arrepieei os pelinhos do braço com ovc mesma diiz!! =D
    beeijoss.. Natty!!

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  4. Muuito bom!

    Mas sobre a frase que ela insistia em repetir.. por que essa? Não desistiu fácil, mas Sofia pensou além.. e acho que se ela não tivesse a idéia de pintar a folha toda, de um jeito ou de outro, você encontraria a folha azul. Não?

    Bejos Lú!

    Muito muito bom seu blog... dá pra entrar e ficar viajaaaaaando!

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  5. Lú...entrei no teu blog agora e viajei total.
    Poutzzz que profundo são teus poemas, principalmente a "Bailarina azul", este poema é surreal. Tá de parabéns

    Já te disse uma vez e vou falar de novo: Escreve logo um livro e publica pOo!

    E eu quero um exemplar autografado viu...

    BjoOo

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  6. Lu, eu li!
    É mesmo lindo, você é linda!
    beijos...

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